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História

A Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbra foi criada a 7 de Abril de 1889, após 3 tentativas falhadas (1881, 1883 e 1884), por 5 elementos que constituíam a Direcção, e com sede na Praça do Comércio n.º 27 – 1º (local onde se encontrava a papelaria Marthas).

A primeira bomba foi adquirida no mesmo ano de existência e colocada no 1º quartel, sito na Rua Adelino Veiga. O 1º quarteleiro morava no prédio ao lado e era o funileiro José da Cunha. Os primeiros uniformes e capacetes foram elaborados por Simões Paes, um hábil artista de Coimbra, que rapidamente passou a 1º Comandante.

Em 1895 surge uma Comissão Administrativa vindo criar um regulamento interno que, entre outras coisas, adoptou como sinal de alarme de incêndio as badaladas dos sinos das torres das igrejas: Sé Nova 10 badaladas, Sé Velha 11, São Bartolomeu 12, Santa Cruz 13, Santa Clara 14 e Santo António dos Olivais 15.

Dois anos mais tarde foram criados 2 novos quartéis fora dos limites da cidade, devido às indústrias adjacentes. Na Rua Figueira da Foz existia uma fábrica de pirotecnia e em Santa Clara as fábricas de lanifícios e massas. Também desde o ano de 1897, os Bombeiros Voluntários passaram a possuir no cemitério da Conchada um terreno cedido pela Câmara Municipal de Coimbra, onde os restos mortais dos bombeiros podiam ser sepultados.

O 1º carro puxado a cavalos foi adquirido no ano de 1900. Contudo, os cavalos só eram usados quando os incêndios ocorriam fora da cidade, sendo que dentro da mesma, a viatura era puxada pelos próprios bombeiros.

O 3º quartel e uma casa-escola temporária para realização de exercícios foram edificados no colégio dos Lóios.

No que diz respeito a condecorações, devido ao salvamento de pessoas e bens da baixa da cidade aquando de inundações e um ciclone, o comandante Simões Paes e alguns bombeiros receberam a medalha de D. Maria II atribuída pelo Governo.

Dado haver várias instabilidades, em 1901, a sede dos Bombeiros passa temporariamente para o edifício do Carmo e em 1908 para a Rua da Sofia.

Em 1912, o quartel que se encontrava no colégio dos Lóios, devido a uma ordem de despejo por motivos de obras no edifício, foi transferido para o edifício dos Bentos, que se encontrava próximo do Aqueduto de S. Sebastião. A casa-escola só foi construída no ano de 1914.

No mesmo ano de 1912, apareceu a 1ª ambulância com o nome de Cruz Amarela, com médico, farmacêutico e um elemento dos bombeiros com formação específica, que auxiliavam todo o tipo de sinistrados resultantes de incêndios, transportavam as vítimas e faziam prevenções a espectáculos e a provas desportivas.

Durante algum tempo foram efectuadas várias campanhas de angariação de fundos que, em 1923, culminaram com a aquisição do 1º carro motorizado, o Fiat.

Pelo ano de 1924, aquando do começo dos trabalhos da abertura da Avenida Fernão de Magalhães e, após inúmeros actos de bravura e heroísmo por parte dos Bombeiros Voluntários, surge novamente a ideia de se arranjar uma casa própria para instalar todo o material, que se encontrava espalhado por vários pontos da cidade.

No ano de 1928, após muitos apoios e ofertas da população, a corporação adquiriu outra viatura motorizada, Packard, que hoje se encontra exposta em museu.

Como nem só de coisas boas é feita uma casa, no mesmo ano, devido a inimizades entre elementos do corpo activo e a prática de actos ilegais na gestão da corporação que afectavam e comprometiam a organização e disciplina da mesma, o Ministro do Interior determinou a dissolução da Associação. No entanto, durante o Domingo de Páscoa, o Ministro da Agricultura que se encontrava de passagem pela cidade, assistiu à impotência dos Bombeiros Municipais em dominarem um incêndio e autorizou os Bombeiros Voluntários a prestarem o seu auxílio. Por tal acto, que excedeu todas as expectativas esperadas, o Ministro do Interior viu-se obrigado a anular a ordem de dissolução.

De volta a prestar auxílio aos habitantes da cidade e, mais organizados, os bombeiros adquiriram 2 novas viaturas: um pronto-socorro Hudson e uma ambulância para prestar uma melhor qualidade de serviços.

Decorria o ano de 1933, numa reunião entre a Comissão Administrativa da Câmara Municipal e os corpos gerentes dos Bombeiros Voluntários, decidiu-se por fim escolher o terreno para a construção da sede dos Bombeiros, nas proximidades do Terreiro da Erva, escolha que foi oficializada poucos meses depois. Esta deliberação camarária, no entanto, no ano seguinte foi adiada e, passados 2 anos novamente anunciada.

Posteriormente, desvios de dinheiro atrasaram o projecto do quartel-sede, contudo, o Presidente da Direcção, em 1938, arranjou uma sede provisória mais digna na Rua Ferreira Borges e, em 1942 mandou construir uma casa-escola no recinto da Feira dos 23.

Finalmente, em Setembro de 1945 foi cedido à Associação um terreno de 16 x 75 metros na recente aberta Avenida Fernão de Magalhães, sendo que a 1ª pedra foi lançada em Maio de 1949 e a inauguração a 15 de Novembro de 1953.

Com o avançar dos anos, cria-se uma necessidade de aumentar a estrutura e, em 1980 cria-se uma secção em Ribeira de Frades e em 1996 outra secção em Taveiro.

Com o tempo, todas as instalações sofrem degradações e, no ano de 1996 aspirava-se novamente à construção de um novo quartel num terreno de 9700m2 entre a Estrada de Eiras e o Bairro de S. Miguel, no entanto, este desejo nunca passou do lançamento da 1ª pedra e ainda hoje os Bombeiros esperam por novas instalações.

Relativamente a condecorações obtidas, destacam-se a oferecida pelo Governo em 1925 de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada; a oferecida pela Câmara Municipal em 1927 de Medalha de Reconhecimento da Cidade de Coimbra; em 1928 é considerada pelo Estado como Instituição de Utilidade Pública; e pelo 100º aniversário recebe o Crachá de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses, a Medalha de Honra e Mérito concedida pela A. H. B. V. Lisboa e torna-se Membro Honorário da Ordem de Mérito conferido pelo Presidente da República.

Os Bombeiros também ostentam diversos padroeiros que, segundo se crê, os ajuda a proteger, são eles S. Marçal Bispo de Limoges e S. João de Deus. O primeiro reza a lenda que extinguiu um incêndio por tocar com o seu báculo no edifício em chamas e o segundo por ter salvo no Hospital Real de Granada quase todos os doentes do hospital atravessando as chamas. Em concreto, os Bombeiros Voluntários de Coimbra adoptaram como padroeira a Rainha Santa Isabel.

Por Andreia Rodrigues, Bombeira Voluntária.

Bibliografia: Livro da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbra, “Das origens aos nossos dias” (1889-1998)

Páginas para a História de Coimbra, Mário Nunes